Vou brexitar
Esta porra de inicio de verão estava uma seca. Uma pasmaceira pegajosa pairava sobre as nossas cabeças. Nem ocampeonato europeu alavancava o ânimo. Apenas algumas bandeiras envergonhadas espreitam das janelas. A modorrice da equipa no jogo jogado também não galvaniza. Os políticos que temos e merecemos raiam a mediocridade.Se houvesse agência de rating para os ditos cujos seriam todos AAA-, isto é abaixo de cão vadio. Mas como todos os diabos tem sorte eis que nos cai no regaço, sem fazermos peva para isso, o Brexit. Significa numa leitura livre que os "bifes" vão dar de frosque. Nada de mistura com os continentais. Cada macaco no seu galho.
Eu também estou nessa onda, isto é vou aproveitar a maré e vou brexitar. E como não possuo nenhuma ilha vou usar a ilha que todos os homens são. Mas mesmo na minha ilha vou brexitar de mim próprio, vou zarpar da PDI em que não há dia que não me roube os dias. Gatuna sem lei. Mas depois de brexitar vai amargá-las, que vá roubar as noites que não damos por isso. Vou brexitar da estupidez humana, que alastra como pandemia sem vacina que a pare. Vou brexitar da xenofobia, filha da estupidez e prima da ignorância, que vive latente no fundo da memória colectiva.
Vou brexitar de um tal Junkers, nome de esquentador, e que parece saído de um filme de desenhos animados do Pateta a preto e branco e que disse aos bretões que se pusessem na alheta e que já iam tarde. E mais disse aos parlamentares de Sua Majestade que fossem cerrar presunto para as brumas de Avalon. Allez, bifalhada (tradução livre) allez. Vou brexitar de sua Excelência o Presidente da República, porque devo estar a ficar esquizofrénico, já que o vejo em todos os lugares para onde olho.E de uma forma mais chã vou brexitar das tarefas domésticas, depois de um estudo ter concluido que as mulheres trabalham mais em casa e acham bem. E a assim ser é porque gostam e se gostam não quero ser acusado de castrador. Adeus cozinha, limpeza do pó, ferro de engomar. Independência já. Brexit sem remorsos.