Tiananmen
Faz trinta anos. Tinta anos que aconteceu Tiananmen. A nossa memória é curta e já esqueceu. Ainda bem que há quem nos lembre.
Tiananmen devia servir de exemplo para a diferença entre a ditadura e a democracia. É simples. Na democracia podemos protestar. Na democracia podemos manifestar opinião, e até, embora ache incorrecto, insultar os políticos. Nas democracias até podemos ser arrogantes, sem que isso traga consequências. Nas democracias podemos escolher.
Em Tiananmen lutava-se pela liberdade e também contra a corrupção. Sim, porque se todo o poder corrompe, o poder absoluto corrompe completamente. A corrupção, infelizmente, faz parte da natureza humana. E se, nas democracias, os corruptos ainda são colocados perante a justiça, nas ditaduras isso não acontece.
Tiananmen devia fazer-nos reflectir. Sobretudo devia merecer reflexão dos que, nas redes sociais e por outras vias, clamam pela abstenção, pondo em causa a própria democracia. Deviam reflectir pelas generalizações abusivas. A corrupção é transversal a toda a sociedade. E não é por haver políticos corruptos que todos o são. Eu prefiro mil vezes a democracia, mesmo com corruptos, que a ditadura que aparentemente não os tem.
Quem sempre viveu em democracia, com todos os seus defeitos, não sabe o que é uma ditadura. Eu vivi-a na pele e sei. Tiananmen foi o cúmulo da brutalidade contra gente indefesa. Milhares de mortos, sem consequências para os assassinos. Eram bom que pensássemos nisto.