Fidel de Castro já é uma lenda. Derrubou uma ditadura e sobre as suas cinzas instituiu outra, mas não tinha alternativa. No contexto em que decorreu a revolução cubana, a sua sobrevivência estava dependente de um poder fortemente centralizado. A hostilidade do poderoso vizinho americano contribuiu para reforçar esse poder, e ironicamente para a sua manutenção. O embargo dos Estados Unidos colocou Fidel na órbitra da União Soviética e com o seu apoio garantiu a consolidação (...)
Teresa Torga, Teresa Torga
artista do musicall
e para pagar as contas
punha música dançante
já depois do pôr do sol
Faltam-lhe as tábuas do palco
a sua felicidade
fez o seu próprio teatro
n`avenida da cidade
onde dançava desnuda
num corpo já sem idade
e quando uma kodac
ia imortalizá-la
os guardiões da moral
começam logo a tapá-la
coartam a liberdade
à vontade de Capela
mas a cena ganha vida
em notícia de jornal
sem imagem da donzela
onde não fica perdida
porq (...)
Depois da fome, da guerra Da prisão e da tortura Vi abrir-se a minha terra Como um cravo de ternura E agora o povo unido nunca mais será vencido Este poema de Ary dos Santos que foi canção ícone da revolução dos cravos é exemplificativo do exagero ingénuo dos poetas. Por duas ordens de razões: a primeira é que o povo nunca foi unido; a segunda é que sempre foi e continuará a ser vencido. O povo aqui visto como a classe produtora, aquela que produz a riqueza, mas que dela (...)
webs.ie uminho pt Duas notícias que não estão relacionadas (ou estarão?) deixaram-me com a pulga atrás da orelha. Numa anuncia-se a prisão de Isaltino Morais para cumprir uma pena de dois anos que já tem barbas. Custa a acreditar e espero para ver. Na outra fala-se do desaparecimento do Otelo. Otelo, apontado como estratega do movimento do MFA que fez o golpe de 25 de Abril,já foi prisioneiro, com pena cumprida a preceito. Algo estranho se está a passar, foi a primeira (...)
Grito, de Munch O grito saiu amedrontado da escuridão Mal parida, Abriu os olhos cegos de indiferença Viu a luz e gostou, Ocupou praças abandonadas Calcorreou avenidas deprimidas, sem crença Deu cor a fachadas tristes de melancolia Sorriu e gostou! O grito soltou amarras no peito oprimido Fez-se verbo, fez-se sangue ,fez-se gente Abriu bocas cerradas por cândidos demónios Exorcizou medos, enfrentou adamastores de ignorância E gritou contra metas de ganância. Gitou o grito da (...)
-Acorda Zé, começou a guerra… As palavras modeladas pelo timbre arrastado do Alentejo, ricochetearam como balas perdidas no silêncio da manhã adormecida. Acorda Zé, estão a dizer na rádio para as pessoas ficarem em casa e estão a pedir aos médicos para se dirigirem aos hospitais… Não havia dúvida, aquela voz única era a do João Cabeça Rato, português de Cuba, que comigo e outros hóspedes ocupava a casa de hospedagem de D. Regina. Levantei-me ainda (...)
Teresa Torga Teresa Torga Vencida numa fornalha Não há bandeira sem luta Não há luta sem batalha José Afonso A propósito de um post que publiquei em Setembro sobre a canção Teresa Torga de José Afonso,recebi este elucidativo e magnífico texto de Alan Romero, que descobriu que a personagem da canção era real . Descobriu ainda que gravou canções e teve a gentileza de me as facultar em versão áudio. Os meus agradecimentos. Aqui as deixo a quem interessar. MGTeresa Torga e a música de Zeca Afonso (...)
Um homem de fato e gravata, cabelos brancos, mas lesto como um gato saltou para cima da guarita do quartel e com um megafone falava à multidão. -Acorda Zé, começou a guerra… As palavras modeladas pelo timbre arrastado do Alentejo, ricochetearam como balas perdidas no silêncio da manhã adormecida. Acorda Zé, estão a dizer na rádio para as pessoas ficarem em casa e estão a pedir aos médicos para se dirigirem aos hospitais… Não havia dúvida, aquela voz (...)
O que aconteceu de concreto na chamada revolução jasmim?A queda do presidente ditador, a promessa de eleições daqui a alguns meses e a tentativa de milhares de tunisinos de entrar em Itália para usufruir do eldorado europeu.
Uma coisa é a justa crença em utopias e a outra é a crua realidade. A prosperidade ocidental levou séculos a construir, com muitos avanços e recuos. A prosperidade não se decreta, constrói-se. A construção da sociedade de bem estar não se faz com (...)
Mulher na revolução Não há pior dia que a segunda-feira. Depois de um dia de descanso o trabalho. Mas eu gosto de fazer segunda de sapateiro ou seja dar folga às solas. Nestes entretantos sobrou-me em indolência o que me faltou em insolência. Fica para um dia mais preenchido. Mas nesta lazeira sapateiral vieram-me à memória os gloriosos tempos do Processo Revolucionário em Curso. Aquilo é que era alegria, aquilo é que era esperança, aquilo é que era sonho, aquilo é (...)