Quando o sol despertava
Corria pelos trigais e,
Como um espantalho andante
Punha em stress os pardais.
Gostava de ser poeta
Mas um poeta não sou
Não é poeta quem quer
Mas quem expressa a emoção
Numa taça de saber.
Enquanto reinava o dia e,
Douravam os trigais
Eu sentia poesia
Nos trinados dos pardais.
Se nas estrelas navegasse
Em caravelas deluz e,
Em metáforas me afogasse
Punha em versos decassílabos
A métrica dos trigais.
E quando o sol cansado
De tanta seara amar
Se fazia escuridão
O senhor Simplício era professor e teria sido em tempos poeta popular, se esta designação existe para os deuses dos poetas. Conheci-o no poente da idade. Tinha uma pequena escola de ensino liceal, com paralelismo pedagógico, numa aldeia perdida da serra algarvia. Era director, professor de todas as disciplinas, contínuo e administrativo. A escola funcionava numa dependência da casa de uma senhora solteira de boas famílias e de quem o senhor Simplício constava ser hóspede. Mas (...)
Viajei mais uma vez pela Galiza. A minha visita a esta região autónoma tornou-se nos últimos anos mais que um hábito , quase um vício. Na Galiza não me sinto num país estrangeiro. Depois de passar a fronteira agora virtual, mas para mim sempre artificial sinto que continuo em casa, pelas suas paisagens , pela simpatia das suas gentes. Por mero acidente histórico a região galega ficou integrada na nação espanhola. Do ponto de vista económico e da qualidade de vida da sua (...)