Aforismos e sarilhos
Como se diz na gíria, sou um pouco bota de elástico. Não consigo integrar-me nessa modernice do casa descasa. Tenho feito o possível por manter um casamento que desejei, e que tem passado por fases melhores e piores. Quando o Zé começou a trabalhar no ensino nocturno, com a tanga que queria ganhar mais uns trocos, cheirou-me a conversa fiada. O que me pareceu foi que procurava novas paisagens. Ainda pensei em comprar uma gabardine mais moderna, mas concluí que (...)
Só nós dois é que sabemos
quanto nos queremos mal
só nós dois é que sabemos
e mais algum maralhal.
Só nós dois partilhamos
este ódio louco e imundo
e por isso o divulgamos
por outras bocas do mundo.
Anda insulta-me...bate-me
encosta o teu ego ao meu
põe a sujeira na rua
com o meu lixo e o teu.
Que falem é o que interessa
se nos pasquins pouco importa
o nosso mundo é a peça
com actos fora da porta.
Só nós dois é que sabemos
a razão das nossas zangas
s (...)
Começou uma nova novela da tarde nas televisões. Passa em todos os canais sem aviso prévio, sem atribuição de título e sem guião determinado. O argumento é livre e fica a cargo da imaginação dos actores e da especulação dos espectadores. É o que se chama um espectáculo aberto. E que espectáculo! Tem suspense, traição, conflito, ódio, vingança, reconciliação Tem todos os ingredientes de um grande "dramalhão". Está, porém, a ser representada por actores menores que (...)
artesanato ... nepocs-ufc.blogspot.com António Simplesmente. -Bom tarde, minha mãe... -António, que surpresa, não te fazia por cá? -As saudades são maiores que a vontade, os desejos mais fortes que as obrigações. Pelas vicissitudes da vida sou um bicho de cultura. Pairo no etéreo da reflexão mas as minhas raízes estão aqui na terra mater, no bucolismo da natureza, no cantarolar das águas correntes, no balançar dos choupos, no coaxar das rãs nos charcos... (...)
Fascículo II, António Simplesmente A vida é feita de sonhos. Dos que acontecem realmente enquanto navegamos nas asas de Morfeu e dos nos aprisionam durante a nossa existência. Eu, António homem nascido de mulher sem qualquer graça divina , racional e contemplativo mergulhei num mar de sonhos desde a mais tenra idade. Estou até em crer que já neles navegava na barriga da mãe. Desde que me conheço, se é que me conheço e desde que me vejo feito de memórias que me vejo (...)