Terça-feira. Acordei impaciente. Saí para o dia mas não o vi. Uma penumbra de chumbo escondeu-o. O vento ruidoso e sibilante assustou-o. Perguntei: Porquê vento? Porque nos roubas o dia? O ventou não respondeu. Continuou a empurrar uma nuvem contrariada. Muito boa noite, disse à noite que sabia ser dia. Muito boa noite, gente esquecida e assustada. Gente que faz quase tudo, gente que tem quase nada. Gente que ainda tem voz, não pode ficar calada. Gente que vai protestar, que não (...)
Tiago Miranda (fotografia tirada por telemóvel) O povo saiu à rua. Contra os divisionismos entre velhos e novos, entre "instalados" e desempregados, entre reformados e trabalhadores. O melhor povo do mundo deu uma lição de civismo aos piores governantes do pós-25 de Abril. O protesto popular mostrou, à arrogância governativa, que ganhar eleições não dá o direito de exercer o poder de forma discricionária. A democracia não se pode limitar ao dia do acto eleitoral. A (...)
Chegaram ao poder montados numa mentira. Tiveram todas as condições políticas para governar o país. Não as aproveitaram. Governaram de equivoco em equivoco. Colocaram as estatísticas acima das pessoas. Apresentaram como terapêutica para um país em dificuldades o empobrecimento. Empobreceram os mais pobres. Falharam. Apesar dos sacrifícios aceites com estoicismo, aumentaram a dívida, não atingiram as metas do défice, duplicaram o desemprego, desestruturaram a economia. (...)