toca o sino
pra procissão
corre o emigra
no seu carrão
estala o foguete
na festa de verão
O rosmaninho
rasteja no chão
milhares de rodas
comem alcatrão
baratas tontas
em diversão
felicidade
em poluição
À romaria
chega o ladrão
com muitos sorrisos
semeia ilusão
parte confortado
por grande ovação
o sino repica
pra corrupção
Roubam a seara
pra tirar-lhe o pão
espremem o suor
como um limão
esquece-se a injustiça
e a aflição
pára a (...)
Já não me espantam as contradições da natureza humana. Do mesmo modo aceito, naturalmente, as minhas. Antes angustiava-me com a ida ao dentista. Agora espero, ansiosamente, que chegue o dia. Chego até, como imitação daqueles relógios que contam os dias ao contrário, a riscar os dias no calendário. E isto desde que a doutora Isabel, a minha dentista, ficou viúva. Ao contrário do que mentes invejosas possam pensar, o meu interesse, garanto, que se limita a prestar (...)
Rita (nome fictício) entrou na sala de professores com um ar estranhamente afogueado. A professora na casa dos cinquenta dirigiu-se a uma colega com quem partilhava cumplicidades e entregou-lhe um pequeno e perfumado pedaço de papel. Encontrei-o no para brisas do carro, no estacionamento do pingo doce. (passe a publicidade que o unhas de fome do Jerónimo Martins não me paga nem um cêntimo furado) A colega solicitada leu um pequeno texto em letra de forma:
A MULHER É COMO O VINHO
QUA (...)
Dança de danados com cadeiras Manhã Aquele sábado de fim de primavera amanhecera escuro e chuvoso. Parecia que o céu, com o seu cortejo de nuvens prenhes como odres, se ia abater sobre a terra seca e faminta de água. Às oito da manhã nasci da cama com os primeiros raios de sol que se esparramavam pelas frinchas das janelas sem as lentes de vidro que nos protegiam dos ataques do suão (...)