Passou mais um dia 25 de Abril. Alguém chamou à sessão solene na AR, a sessão soneca. Estas comemorações no hemiciclo merece bem o epíteto. Discursos de circunstância, sonolentos, vazios de conteúdo. Um frete que todos os presentes esperam que acabe depressa. Mas as manifestações comemorativas tocam pelo mesmo diapasão. Transformaram-se num ritual, onde os ritos se repetem, mecanicamente, de ano para ano. E apenas um grupo de fiéis se empolga com a cerimónia, igual a tantas (...)
Em anos de servidão, opressão
agruras mil,
revoltou-se uma nação.
Era Abril
Nas armas nasceram cravos,
esperanças mil,
cravos vermelhos ousaram
a liberdade,
Descamisados sonharam
a igualdade.
Já não têm cor os cravos,
desilusão!
Agora é tempo de cravas,
sem coração.
Porque se deixa oprimir
Uma nação?
webs.ie uminho pt Duas notícias que não estão relacionadas (ou estarão?) deixaram-me com a pulga atrás da orelha. Numa anuncia-se a prisão de Isaltino Morais para cumprir uma pena de dois anos que já tem barbas. Custa a acreditar e espero para ver. Na outra fala-se do desaparecimento do Otelo. Otelo, apontado como estratega do movimento do MFA que fez o golpe de 25 de Abril,já foi prisioneiro, com pena cumprida a preceito. Algo estranho se está a passar, foi a primeira (...)
-Acorda Zé, começou a guerra… As palavras modeladas pelo timbre arrastado do Alentejo, ricochetearam como balas perdidas no silêncio da manhã adormecida. Acorda Zé, estão a dizer na rádio para as pessoas ficarem em casa e estão a pedir aos médicos para se dirigirem aos hospitais… Não havia dúvida, aquela voz única era a do João Cabeça Rato, português de Cuba, que comigo e outros hóspedes ocupava a casa de hospedagem de D. Regina. Levantei-me ainda (...)