Sim ou não, eis a questão?
Se tivesse que votar no referendo na Grécia estaria muito indeciso. Por um lado, compreendo o calvário dos gregos carregando a cruz da austeridade. Tal como nós. Compreende-se o não. Por outro lado, constata-se que ao fim de seis meses de governo, o Siriza não conseguiu dar um passo seguro, no caminho que pusesse fim à austeridade. E até ver não dá mostras de encontrar uma forma de entendimento. Neste contexto, apetece colocar o sim, para ver se se sai deste rame rame, rumo a uma via de desbloqueamento.
O papa do revolucionarismo no século XX, Lenine, afirmou que muitas vezes é necessário dar um passo atrás para poder dar dois à frente. O que estes seus discípulos do século XXI mostram, na Grécia, é que faltaram às aulas de estratégia . Vão sempre em frente mesmo quando o abismo se apresenta no horizonte.
Ao fim de seis meses de ziguezaguerar, para convencer o seu eleitorado que são diferentes, acabam por portas e travessas, ser iguais aos outros. A sua incapacidade para respeitar compromissos já assumidos, a sua falta de percepção de que negociar também é ceder, a sua incapacidade de entender que a democracia e o mundo existem para além da pólis, está a encurralá-los num beco sem saída.
Não comungo das ideias radicais, quer dos que dizem que os gregos viviam acima das suas possibilidades, quer dos que defendem que são vítimas de malvados exploradores. Nestes, como noutros assuntos, é preciso procurar o ponto de equilíbrio. Mas o que este radicalismo, algo aventureiro, está a fazer é dar força à direita europeia da austeridade. Atirada a Grécia, como já está a acontecer, para o limbo, os povos com medo de lhes suceder o mesmo, vão castigar todos aqueles que protagonizam uma alteração de rumo. Consciente ou inconscientemente, estes ditos revolucionários, estão a ser aliados da direita. Prevejo que votar sim ou não vai dar ao mesmo, se o Siriza não desistir de viver numa realidade alternativa.
MG