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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

 

 
 

«Fernando Pessoa em flagrante delitro»: dedicatória na fotografia que ofereceu à namorada Ophélia Queiroz em 1929. Um poeta com sentido de humor.

 

Fez oitenta anos que o poeta morreu. O ano da morte de Fernando Pessoa foi 1935 no dia 30 de Novembro. O poeta passou pela vida de forma discreta, mas a sua obra libertou-o da lei da morte: o esquecimento. Inteligência rara e criativa, pensador livre e descomprometido, desdobrou-se em múltiplas personalidades para dar corpo a um  imenso caudal reflexivo. Escrevia por prazer e com prazer, mesmo quando expressava a sua verdadeira dor. O seu pensamento disperso por uma vasta obra poética é hoje um legado importante para a humanidade. Cidadão português do mundo, merecia ser mais divulgado e conhecido pelos seus compatriotas. A casa Fernando Pessoa inaugurada em 1993, já lhe prestou justa homenagem, entre outras actividades, com a passagem do Filme do Desassossego. Aqui deixamos o nosso modesto contributo, recordando um dos seus poemas com assinatura de Alberto Caeiro e uma interpretação musicada de "Há uma música do povo" na bela voz de Mariza:

 

 

 

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimento nenhum.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o unico poeta da Natureza.

 

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