Os rapazes de pin na lapela
Os rapazes do pin na lapela ganharam as eleições legislativas montados em mentiras e equívocos. Colocaram estrategicamente os seus tentáculos de comunicação. Criaram uma ficção, que proliferou como bolha salvadora, no desânimo latente, propiciado pela crise internacional. Conseguiram passar a ideia, que as razões da austeridade que começava a proliferar, se deviam à dívida externa e aos gastos excessivos dos cidadãos e do Estado. E como responsáveis por essas dívidas havia apenas um responsável. Como escrevia uma das suas apóstolas era um delinquente político que respondia pelo nome de Sócrates. Curiosamente, esses profetas das malfeitorias socráticas, estão, agora, desaparecidos em combate. Mas tiveram um papel brilhantes: venderam bem o presente envenenado que ofereciam à nação.
Passaram três anos que parecem trinta. Eis o resultado em síntese: empobrecimento dos mais pobres, destruição do tecido económico, redução de postos de trabalho, cortes e mais cortes salariais e dívida cada vez mais dívida. Com excepção feita ao Tribunal Constitucional, não tiveram qualquer oposição. Contaram com uma extrema esquerda egocêntrica e desmiolada, que teima em viver na estratosfera, composta por seguidores lobomotizados e que obedecem e pensam por uma única cabeça. Beneficiaram do apagamento de um PS incapaz de assumir o passado (bom e mau) e que se eclipsou em indecisões, que o cristalizaram num presente virtual sem futuro. Respaldaram-se à sombra de uma presidência da República amorfa, caquéctica e colaborante. Que melhor caldo de cultura precisavam para fazerem desta nação secular uma espécie de Tecnoforma institucional? Que melhor ambiente podiam desejar para se arvorarem do alto dos seus pins em impolutos salvadores da Pátria.
O fim anunciado da direccão socialista, que ajudou ao regabofe, trouxe uma lufada de esperança a um povo aviltado e desrespeitado sem escrúpulos e sem vergonha. A direcção que aí vem tem um trabalho hercúleo para repor a dignidade perdida, e colocar o país na rota do desenvolvimento. Mas não se espere de Costa e da sua equipa uma espécie de milagre dos peixes. Não é um Messias. Antes pelo contrário. É tão humano como qualquer um de nós. Não se peça à Costa, como tenho visto em muitos debates, que apresente já um programa de governo detalhado. O que cabe a Costa é começar a construir a alternativa de mudança a médio prazo. É preciso sair deste ciclo de governação de vistas curtas, balizado por interesses obscuros, que marca cada legislatura. Cabe a Costa aproveitar a dinâmica criada com as primárias, para manter acesa a esperança, de que se pode mudar e que há outros caminhos. Por esses caminhos, temos que ir, dando um passo de cada vez. O mais imediato é mandar os rapazes dos pins brincar aos símbolos da nação, para o recreio da infantibilidade política.
MG