Onde pára a Lili?
A Lili servia-me um excelente café. Impreterivelmente às duas, hora da mudança de turno, rumava à pastelaria, para ser sempre servido pela Lili. Podem não acreditar, mas ela dava outro sabor ao café. Para além do sabor natural, Lili, acrescentava-lhe o doce charme da sua presença. Acrescentava-lhe é a forma verbal adequada, pois neste momento já não acrescenta. Nos últimos dias a presença leve e quase transparente da Lili sumiu daquele local. Ainda pensei que seria ausência temporária, mas está comprovado que não voltará.
Agora sou servido pela proprietária/gerente, de nome Sónia. Não nego que também tem o seu encanto, mas não é a mesma coisa. O café continua saber a café, mas falta-lhe o sabor Lili. Qualquer dia virá substituí-la outra Lili qualquer. Há no mundo muitas lilis. No entanto, para mim, não haverá outra Lili. Interrogo-me: onde é que pára a Lili? Podem não acreditar, mas eu vou até ao fim do mundo para beber o delicioso café/lili. Nem que seja a última coisa que faço!