O ovo no cu da galinha
Um eventual novo imposto sobre o património está a gerar uma histeria comunicacional. Faz lembrar a expressão "contar com o ovo no cu da da galinha". O facto é que ainda não foi apresentado nenhum novo imposto. Há rumores, insinuações, "bocas" daqui e de acolá, que essa alteração na carga fiscal fará parte do orçamento do Estado para 2017. Em concreto é um ovo imaginado e na melhor das hipóteses em gestação.
Os comentadores andam frenéticos em artigos de jornal,e em debates televisivos. As forças partidárias desdobram-se em declarações, inventam cenários. Uns e outros, a uma só voz de condenação, prevêem o fim do mercado habitacional, a ruína da construção civil, o desemprego galopante, a fuga do investimento. Choram lágrimas de crocodilo pelos pobres investidores. E pasme-se, avisam para o perigo da sovietização.
Mas no fundo, qual é a substância do que se discute? Nenhuma. Ou melhor, as características de um ovo que não existe, o seu tamanho, a cor da sua gema, os nutrientes que possui, a forma como é cozinhado. Será escalfado, cozido, frito ou quiçá em omeleta.
Mesmo que a galinha venha a parir o ovo tão maltratado antes de nascer, que até parece mais ovo de serpente que de ave de capoeira, só então será sensato discutir a sua natureza. Se é branco, preto ou às pintas. Até lá não seria melhor meterem a viola no saco , ou então darem ao pagode uma música menos pimba?
PS, Acabei de ver um vídeo onde "ex-primeiro" nos seus tempos de "primeiro" fazia a apologia do dito imposto. Agora considera-o uma criação de Belzebu, a sovietização, o PREC. Mudam-se os tempos mudam-se as convicções. A coerência deve ser verde e veio um burro e comeu-a.