O Homem de Belém
Já deu para entender que António Costa, aproveitando a abertura à sua esquerda, está a trabalhar numa alternativa de governo. Passos e Portas que contavam com o PS para garantir o seu governo a troco de algumas irrelevâncias, também o perceberam. Daí a recente mudança pública de "peixe morto" para a atitude de arrogância que mantiveram durante a legislatura, o que, no actual contexto, revela algum desespero.
Se as negociações à esquerda chegarem a bom termo e se o acordo conseguir passar nos órgãos do PS, ainda há que ultrapassar um obstáculo de monta: o homem que está em Belém, personalidade controversa que nunca conseguiu nas suas funções conseguiu despir a camisola partidária, embora a Constituição seja clara nos procedimentos a seguir. Perante a queda de um governo da coligação por falta de apoio parlamentar e perante a apresentação de uma solução com apoio maioritário, deve o Presidente aceitar o governo que dela resultar.
Mas será que o Homem de Belém, em fim de mandato, com a sua imprevisibilidade, não arrisca contrariar a Constituição, mantendo um governo rejeitado, em gestão?