Muros
Os que se consideram donos de uma qualquer verdade, e que têm poder de a impor aos outros, acabam por a aplicar como verdade absoluta. Foi o que aconteceu em Berlim, quando os dirigentes da zona leste, construiram um muro, para evitar que os seus súbditos tivessem a liberdade de contactar com a parte ocidental. Conseguiram pela repressão, limitar os movimentos dessa população, mas não evitaram a liberdade do seu pensamento. Por isso caíu com estrondo e hoje é uma recordação da ignominia e da negação dos direitos humanos.
No dia em que se comemora a sua queda, temos que ter presente que os muros continuam a fazer parte do nosso quotidiano. E muitas vezes, somos nós, que construimos os muros que que nos encerram nos nossos próprios guetos. Mas mesmo numa Europa que se quer sem barreiras, existem cada vez mais muros. Não são feitos de pedra e cimento, são antes construídos com xenofobia. São muros invisíveis e contudo bem presentes nas nossas vidas. Uma cortina de arrogância divide o norte e o sul, e expressa-se no estatuto de parentes pobres que nos é atribuido, sem direito a defesa. Aqui estamos condenados ao empobrecimento e prisioneiros da capacidade de reação. Um dia esse muro cairá, porque ninguém pode para sempre aprisionar a dignidade dos povos.
MG
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