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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Se estivermos atentos à comunicação social  e procurarmos segui-la com distanciamento e espírito crítico temos de chegar a uma triste conclusão. A chamada comunicação de massas é um reality show( passe o estrangeirismo) permanente, informação incluída. Programas de debate sobre tudo e mais umas botas, debitam verborreia como especialistas de cátedra. Retórica de mestres da análise do real mais não fazem que construir ficções que nos transportam ilusoriamente para realidades paralelas.

A cereja em cima do bolo, a transmutação da informação em voyeurismo, é o que se está a passar com o acompanhamento do caso Sócrates. O que se passou há meses defronte da cadeia de Évora, implantou-se agora numa pacata rua de um bairro de Lisboa. Ali estão os abutres (não me ocorre outro substantivo) de garras afiadas, para devassar a vida alheia em todos os pormenores: o que veste, o que come, quem recebe. Se pudessem colocariam câmaras nos sítios mais recônditos para ver quantas vezes vai ao WC. Cheira mesmo mal. À falta de informação directa perseguem os visitantes de microfone em riste, filmam-nos sem respeito, abordam-nos como inquisidores.

Esta ditadura dos "media" não passa de um Big Brother em directo. O que está em jogo é conseguir mais um dígito de audiência, mais um minuto de publicidade, mais um euro na receita. O que se pretende é responder às solicitações de um mercado de consumidores de fait divers. Não passa de uma forma de exploração encapotada sobre cidadãos utilizados como matéria-prima de mais valias. Da rua para as nossas casas, vivemos uma realidade virtual que nos enebria e nos afasta dos problemas reais. Estamos dependentes de uma droga mediática. Somos, como disse Platão há milénios, prisioneiros numa caverna e só vemos sombras.

MG