Impostos, exclusividade e doença de alzheimer
Não sou indivíduo de emprenhar pelos ouvidos. Antes pelo contrário. Portanto, declaro que sou povo, mas não me revejo no povoléu, que toma como verdades, insinuações/condenações propaladas por certos meios de comunicação social, de que o Correio da Manha é o paradigma. Por isso vou tratar o assunto com pinças.
O que se sabe, pela informação que circula, é que o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, cometeu eventual ilícito, quando exerceu funções de deputado. A ser assim, significa que comeu a dois carrinhos. A ser assim, beneficiou do estatuto de exclusividade no exercício de funções públicas, com as inerentes vantagens. Esta situação parece comprovada pelo seu pedido de subsídio de reinserção. O que constitui uma nebulosa é a sua colaboração na empresa Tecnoforma. Corre que recebia cerca de cinco mil euros mensais dessa empresa. Corre que não pagou impostos. Mas quem melhor que o visado pode esclarecer, de vez, a situação? O facto é que sua excelência não esclarece porra nenhuma. Todas as suas declarações são dúbias e propícias a confundir a opinião pública. Não se lembra se recebeu ou não. Não se lembra? Mas alguém acredita? Recebe-se uma quantia assinalável durante três anos e não se sabe? A não ser que seja portador da doença de Alzheimer.
Esta forma de lidar com a acusação de crime fiscal acaba por adensar o mistério e gerar ainda mais suspeitas. Pode-se, justamente, desconfiar que está a empurrar o problema com a barriga. O acto de pedir à Procuradoria da República para investigar a denúncia de possível ilícito que já prescreveu, não lembra ao diabo. O que tem que fazer é responder a uma pergunta simples: colaborou ou não com a Tecnoforma e recebeu ou não recebeu pagamentos desta empresa? Ponto. Enquanto não o fizer, vai alimentar uma novela, que desgasta ainda mais a credibilidade da classe política. Em última análise descredibiliza a própria democracia.
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