No tempo em que os animais falavam e eram ouvidos, como vendedores de banha da cobra, chegaram ao governo da nação. Desde então esta ficou conhecida como Coelhândia. Os animais, depois de terem deixado de seguir o cherne, que emigrou para paragens menos pantanosas, deixaram-se iludir pela magia dos coelhos e de animais afins. Até belém foi ocupado por um animal pouco definido, cujas características o definem como manhoso, chico esperto, matarruano. Uma espécie de javali enriçado de hiena.
Os outros animais que foram na "cantada" ou história para crianças, elegeram-nos por quatro anos que já caducaram. Contudo, sentindo as costas quentes pelo animal de belém, os coelhos e seus lacaios, vão prolongando o seu poder para ganhar tempo. E até alimentam a secreta ideia de se perpetuarem, um pouco à maneira do Triunfo dos Porcos de Orwell.
A assunção do poder perpétuo passará pela escolha de um sucessor para o animal inominável de belém. Traçou-se um perfil. A escolha parece que caíu na Gata Borralheira, uma estranha princesa, que desapareceu à meia noite e só deixou um sapatinho. Só quem o calçar poderá ser presidente da bicharada. Começaram a aparecer os candidatos a experimentá-lo. É meu, é meu, dizem os animais da manada que querem habitar belém. Os outros animais dormem o sono sereno da bela adormecida. Nem sequer sonham com um príncipe que os liberte.
MG