Haja vergonha
Constâncio era Governador do Banco de Portugal e responsável pela supervisão da banca. Nas suas barbas um Banco de vigaristas deu um golpe magistral. Conseguiu sacar dinheiro a milhares de portugueses incautos. Depois a massa sumiu. Mas como na natureza nada se perde e tudo se transforma, esse dinheiro apenas se mudou para algumas mãos privilegiadas. Podemos acusar Constâncio de incompetência ou de ingenuidade. Consta que havia uma contabilidade paralela não detetada. Nas suas diligências junto deste Banco nunca descobriu a marosca. Não o podem acusar é de ser elemento da quadrilha. Esses anda por aí, na maior a gozar a vida à nossa conta.
Há uns anos sujeitou-se a comissões de inquérito humilhantes, com acusações não provadas, por indivíduos que se aproveitam de tudo para tirar dividendos políticos. Pretenderam atirá-lo às feras como o verdadeiro mau da fita. Fogo fátuo que depressa se apagou. Eis senão quando um virtual presidente da Comissão Europeia, chamado Durão Barroso, em fim de mandato que não exerceu, fez renascer o caso BPN, não para julgar os responsáveis pela grande fraude, mas para pôr em cheque Vítor Constâncio.
Afinal o que é que está em jogo? Salvo mais abalizada opinião, é pura chicana política. Digamos que Barroso já tirocina para candidato à Presidência da República. Por outro lado pode tratar-se de uma manobra de diversão, para distrair as massas da grave crise de que é co-responsável, quer interna, quer externamente. E de tal modo assim parece ser que logo o digno deputado europeu da maioria Nuno Melo, que ganhou notoriedade nas comissões que procuraram condenar Constâncio, veio à liça dizendo que o vai chamar de novo à pedra. Aí está mais um fait divers para distrair o pagode da situação real do país. Sacrifícios em vão, mais dívida, mais desemprego, mais pobreza. Um país em marcha atrás. Não há dúvida. Esta gente faz o mal e a caramunha. Haja vergonha.
MG