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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Breve história das nádegas.Imagem net. Não é pornografia é arte

Odalisca morena de François Boucher, século XVIII

 

 

Há partes do nosso corpo que continuam a ser tabu. Pronunciar o seu nome é um anátema. Lembrei-me disto a propósito das declarações do Presidente do Sporting Bruno de Carvalho quando usou as nádegas como metáfora. Para a gente que bota discurso na comunicação social, caiu o Carmo e a Trindade. Aceitamos que é linguagem de carroceiro embrulhada em erudição técnica. Eu próprio não me revejo nessa fraseologia. Trata-se de uma opção pessoal. Mas daí a considerar crime de lesa majestade, de desprestígio do clube a que preside, parece-me um exagero. No fundo, literalmente falando todas as têm. E se as têm porque razão não se pode usar o seu nome para fazer analogias? Para mais, analogias que colam perfeitamente com a realidade que se quer retratar. Basta estar atento ao que se está a passar na triste novela das eleições da liga. Essa sim verdadeiramente pornográfica.

 

Analogias à parte, as nádegas, sempre foram motivo de atracção ao longo da história. E deixemo-nos de pudores, continuam a ser cartão de visita do género feminino, que as utiliza como forma de sedução. E foram até desde tempos antigos motivo de inspiração de poetas, prosadores e pintores. A nova história que começou a abordar as coisas do quotidiano ligadas à vida privada, também se debruçou sobre o assunto. Foi nesse sentido que Jean-Luc Hennig escreveu A breve História das Nádegas. Diz o autor:

 

Esta obra dá-nos uma visão, breve mas suficientemente ampla, de uma grande multiplicidade de representações das nádegas, ao longo dos tempos: a sua figuração na escultura grega clássica, na pintura florentina e libertina, na medicina legal do século XIX, na publicidade do século XX

"O leitor céptico ou reticente encontrará aqui um manancial de informações surpreendentes. Vai aprender muito.

 

As nádegas são pois uma componente de nós próprios. Quando os guardiões moralistas dos bons costumes, julgam as pessoas pela utilização da linguagem que consideram de mau gosto, fazem um exercício de cinismo púdico. E nessa parte sagrada de si próprios, nunca levaram umas boas "nalgadas" como me estavam sempre a prometer ainda menino e moço, ou nem sequer sentiram o gosto de um  um pontapé  no traseiro.  Mas ainda estão a tempo de o levar.

 

MG