Da UTAO ao tautau
Ouve a Utao senão levas tautau, no rabinho. Assim vai a polémica sobre o esboço do Orçamento. Diz a UtAO que o Governo está a considerar como temporárias medidas que são permanentes e logo estruturais. Trata-se da reposição de salários e pensões cortadas desde 2011. A ser assim e sendo temporários não devem contar para a contabilização do défice estrutura, na perspectiva do Governo Na linha de pensamento da UtAO vai a Comissão Europeia, com o argumento que estas medidas foram apresentadas pelo Governo cessante como permanentes. Ora sabe-se que para consumo interno sempre foram consideradas, pelo mesmo Governo, temporárias.
A questão não é irrelevante. Considerar os cortes permanentes significa mais 1800 milhões no défice. Isto suplanta e ultrapassa todas as reposições aprovadas por este Governo e pode pôr em causa a base de apoio da actual maioria. O não entendimento com Bruxelas pode significar a baixa do rating de Portugal com graves repercussões no financiamento do país. O Governo está entre a espada e a parede. É preciso nervos de aço e cabeça fria na negociação e a esquerda não pode entrar no aventureirismo de querer tudo ou nada. A continuação deste Governo exige unidade e realismo.
A verdade é que a Europa está nas mãos de burocratas, apoiados numa maioria política de direita, que reduz as contas públicas a exercícios de deve e haver. Para essa gente, para além dos números não existem pessoas de carne e osso. Para essa gente, a função da economia não é servir as pessoas e o seu bem estar. Ao contrário, são estas que têm que estar ao serviço da economia. Esta visão tecnocrática da UE está refém do poder financeiro, e é sinónimo de total desumanização. É neste contexto adverso que o Governo tem que saber negociar, sem atitudes de arrogância que já provaram ser contraproducentes.
MG