Construtores de muros
Trump foi eleito como presidente dos Estados Unidos, contra todas as perspectivas e previsões. As razões desta eleição imprevisível têm sido abundantemente dissecadas. De todas as justificações uma conclusão se pode tirar: o candidato Trump conseguiu cavalgar o descontentamento de eleitores, desiludidos com aquilo que se chama globalização, apimentando-o com uma campanha populista e cheia de demagogia. Acrescem manobras obscuras de acordo com suspeitas levantadas por serviços de informação. Seja como for, a história faculta-nos exemplos de eleição de cidadãos sem competência para tão altas funções. Lembro o caso paradigmático da eleição de Hitler, que se aproveitou da irracionalidade dos votantes, num período de grande instabilidade.
É por demais evidente que Trump não tem qualificações para estar à frente do país mais poderoso do mundo. Daí que dentro e fora de portas esteja a gerar grande perplexidade. Sabe-se que está limitado pela Constituição e pelos órgãos parlamentares, mas olhando para as atitudes da personagem e pela equipa que o acompanha, as nuvens escuras continuam no horizonte.Mas pode Trump construir os muros que promete que, também como a história nos mostra, acabarão por ser derrubados. Trump, na sua ignorância, pode isolar-se na sua torre de marfim e causar perturbação e sofrimento, mas o mundo global que começou a construir-se com a expansão portuguesa, é irreversível. Como outros construtores de muros, Trump passará e o mundo continuará livre. O que é perturbável é que depois de tantos muros construídos e derrubados, ainda haja quem não tenha aprendido a lição e continue a acreditar na conversa fiada dos populismos.