Chá de mala vermelha
Rosalita (nome fictício) é viciada em sexo. Eu acho, sem qualquer juízo moral. Claro que não posso comprovar com saber de experiência feito. Digo-o por fragmentos de factos que me vão chegando por fontes que devo omitir. E por isso digo-o com reservas. Colando os fragmentos leio que Rosalita entre duas aulas (dá aulas a jovens imberbes) traz sempre à conversa assuntos de sexo. Nada relacionado com abordagem pedagógica, mas antes com erotismo.
Além disto, há outro indício que me leva a acreditar na minha tese meramente casuística e digamos coscuvilheira. Rosalita já vai no quarto companheiro. O primeiro marido, no fim da adolescência, foi amor de pouca dura. O segundo povoou-lhe a juventude madura e partiu apenas um pouco, porque lhe deixou os genes num filho para criar. O terceiro trouxe-lhe a ternura dos quarenta, mas saiu cedo desta vida. Rosalita reagiu e remoçou. Tirou umas pequenas rugas do rosto. Melhorou o visual e recuou dez anos no uso do vestuário. Depressa atraiu um novo galanteador com o seu novo brilho. Homem de muitas viagens, por obrigação profissional, tanto está como não está, o que dá a Rosalita tempo para refinar as suas técnicas.
Rosalita é viciada em sexo? Pois que seja se isso a faz feliz. A conclusão definitiva na minha observação pessoal (afinal o que é definitivo?) bateu-me quando recebi a última informação. Rosalita andava a convencer outras damas a fazer uma reunião da "Mala vermelha". E o que é a "Mala vermelha"? Se forem tão botas de elástico quanto eu é justo que perguntem. É simples. Basta goglar. Em resumo trata-se de uma empresa que promove reuniões com damas, no domicílio, para lhes facultar produtos eróticos, com o objectivo de alterarem sexualmente a dinâmica do casal.
Se a informação que me chega é fidedigna, Rosalita tenta formar um grupo para participar num chá à volta da "Mala vermelha". Pelo que indaguei (mera curiosidade) uma demonstradora traz na dita mala cremes eróticos com diversas funções, e outros objectos que por pudor e educação nos bons pricípios me recuso a nomear. Para eventuais interessados, a informação está disponível ao toque de um click. O que posso acrescentar é que as intervenientes têm direito a experimentação.
Não sei se Rosalita encontrará acompanhantes para tomar o chá da "Mala Vermelha". Nem sei se tudo isto significa muita parra e pouca uva, isto é, deitar conversa fora, uma estratégia de fuga à realidade que todo dia serve a Rosalita e a todos nós um chá de mala de cartão. Em resumo trata-se de uma "empresa" que promove a pobreza como modo de vida. E se houver alguém que prefira chá de mala de cartão ao chá de mala vermelha que atire a primeira pedra.
MG