A tourada continua
Fez ontem trinta anos que desapareceu fisicamente Ary dos Santos. No entanto continua vivo nos poemas que deixou. A tourada que foi canção de sucesso em 1973 faz uma crítica mordaz ao regime caduco que iria cair no ano seguinte. Aqui recordo na voz de Fernando Tordo. Presto também a minha homenagem a Ary com este remake a que intitulo de "A tourada continua".
Fomos levados ao engano
por capote de um cigano
com promessas do camano
beras
Entram moços jotas e comentadores
e falinhas mansas
entram verborreias de falsos doutores
e rotundas panças
entram peões de mentiras e rumores
cuja profissão
se lança
Com verónicas de medo
para nos empobrecer
puseram este país
a morrer
Temos que enfrentar o bicho
com coragem e sageza
pra atiramos para o lixo
a tristeza.
Entram boys a fazer campanha
que não sabem nada
gritam slogans cheios de manha
que não valem nada
pintam tudo de uma cor bem preta
cuja autenticidade
é treta
Entram velhos tontos e oportunistas
e entram paspalhões
entram charlatães, novos vigaristas
e entram os pavões
Entram galinhas de pequena crista
entram os ladrões
à vista
Entram sempre as mesmas quadrilhas
fazem a faena´
entram coloridas muitas bandarilhas
grandes e pequenas
Entra o povo manso preso em armadilhas
que enche a arena
que pena
Entram os três turistas cheios de cifrões
e passes de peito
entram cortes cegos de muitos milhões
e feitos a eito
entram as sortes de muitos capotes
passes de muleta
ministros, gestores e cortes
da teta
Entram privatizações,fiscos e falências
charters de chineses
entra a loucura e a incompetência
tantas vezes
entra a Alemanha ,entra a altivez
a mal ou a mal
e grita a estupidez
acabou-se Portugal