Expansões
O julgamento da boa ou má governação só é feita com total propriedade e um mínimo de isenção pela História. Com efeito, apenas um distanciamento considerável e mesmo este sujeito a alguma subjectividade, permite separar o trigo do joio. É neste sentido que hoje se incensam aqueles que foram responsáveis pela expansão marítima de quinhentos, mas na época é preciso dizê-lo, foram muito criticados por diversos sectores da sociedade.
Quando vejo e com toda a legitimidade fazer criticas à actual governação, procuro inseri-las nas clivagens politicas, sociais e até corporativas que dividem a sociedade, e por isso valem o que valem: são abordagens apaixonadas, transitórias, muitas vezes revanchistas, com margem elevada de erro de análise e sujeitas a incorrecções.
Pessoalmente, subjectivamente, estou convencido que esta governação com decisões certas e erradas, passará no juízo da História. Explico porquê: deixa uma obra considerável na renovação da produção de energia, com uma aposta ganha na implementação de energias limpas e renováveis e está no caminho certo no investimento nos carros eléctricos. Noutra vertente e numa altura em que o eixo Berlim-Paris hegemoniza os destinos da Europa, marginalizando ostensivamente os pequenos países periféricos, é correcta a politica governativa de procurar diversificar as relações comerciais com países de outros continentes em franco desenvolvimento. Constitui um regresso ao passado numa perspectiva século XXI e com positivas repercussões no futuro. Salvaguardadas as devidas distâncias, podemos estar perante uma nova expansão, que se devidamente concretizada pode como a de quinhentos, libertar-nos dos horizontes limitados de uma Europa indefinida. É, em suma, a melhor forma de defender a autonomia e a independência fora de um contexto de absorção subtil e mais perigoso que os que sofremos em séculos anteriores. E isto para além de interesses mesquinhos e imediatos merece ser valorizado.
MG