Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

25 Fev, 2011

Cair na real

No inicio da década de setenta Portugal era um país que estava a sair, lentamente, de uma economia muito condicionada por uma agricultura de subsistência. Um ténue desenvolvimento industrial à volta das grandes cidades do litoral, assim como o crescimento do sector dos serviços, atraiam gente dos campos, onde o futuro  era repetitivo e limitado.

 

Os jovens com baixa escolaridade e poucas qualificações, aproveitavam esta janela de oportunidade, para para conseguirem condições de vida superiores à dos seus pais. Havia a intenção de mudar de vida e sabia-se que essa mudança exigia esforço, trabalho e sacrifício. Estes jovens, foram educados no pressuposto de  que para triunfar na vida era preciso lutar e subir como se costuma dizer a corda a pulso. Era uma atitude humilde mas positiva, que se traduzia em altos índices de valorização pessoal.

 

O advento da democracia e a entrada na Comunidade Europeia trouxeram alguma prosperidade real, mas também muita prosperidade ilusória. Os filhos da geração pós 25 de Abril, hoje designada como geração à rasca, nasceu à sombra dessa aludida era de bem estar. Foi-lhe incutida a ideia, de que só pelo facto de terem nascido tinham lugar garantido na mesa dos deuses, que para viver bastava abanar a árvore das patacas ou esperar que dos céus chovesse mel. A ideia que se começa de baixo, foi sendo substituída pela ideia que à partida já se está no topo. Pura ilusão.

 

A afirmação de que com a mudança dos tempos se mudam as vontades, deve ser interpretada como uma porta aberta para a luta, num processo de constante dinâmica social, o que significa que, mesmo que se parta da pole position, para se ser vitorioso é preciso muita aplicação. E esta atitude não casa com o comportamento de jovens, que vejo encararem a sua formação, facultada gratuitamente pelo erário público ,com displicência e desleixo. É hora de cair na real. 

 

MG