O chouriço e o porco
escoladeredes.ning.com
Quando o poder político reage com energia à arrogância e a provocações de alguns empresários ou capitalistas para chamar os bois pelos nomes, cai o Carmo e a trindade. Ora vejam lá estes políticos a tratar mal os maiores criadores de emprego, diz-se à boca cheia. Sem pôr em causa essa função que desempenham no uso da sua actividade é preciso desfazer um equívoco: a criação de emprego pelos ditos empresários resulta de uma necessidade e não de um acto de benemerência.
Com efeito o objectivo central do sistema capitalista é conseguir lucros. A utilização de mão-de-obra remunerada decorre desse objectivo. Os estudos científicos sobre o funcionamento do sistema capitalista, provaram que o empresário proprietário dos meios de produção, estabelecem com os seus trabalhadores uma relação desigual na qual ,para usar uma expressão popular, entregam um chouriço em troca da produção de um porco. E é esse, grosso modo, a razão que leva e sempre levou, com raras excepções que suportam a regra, os empregadores a contratarem trabalhadores.
Não quer isto dizer que se excomuguem os capitalistas, pois seria como excomungar o próprio sistema. Possivelmente é o pior sistema que existe, mas o certo é que ainda não se inventou outro melhor. Até porque, as experiências feitas para o substituir, com base nas teorias socialistas falharam redondamente e continuarão a falhar enquanto não mudar a natureza humana. Mas isso são contas de outro rosário e só por si merecem outra análise.
Neste contexto e num clima de cooperação e boa vizinhança cabe aos capitalista investir visando obtenção de mais-valias e cabe ao poder politico governar, com a legitimidade que recebe transitoriamente da vontade popular. E com essa legitimidade, aplicar o seu programa que pode (e muitas vezes deve) não coincidir com o dos donos do dinheiro. Aliás cabe aos políticos fazer e aplicar leis e regras que procurem encontrar o equilíbrio possível entre os interesses de ambas as partes. No fundo, para não se demitirem do seu papel de fautores de uma cada vez mais justa repartição da riqueza. Estar de cócoras perante alguns cidadãos, só por que, por razões que agora não vêem ao caso, concentram nas suas mãos o poder económico e financeiro é negar a democracia o poder que receberam e a própria harmonia social.
Zé Cavaco