Feira da ladra
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A feira da ladra de Lisboa é quase tão antiga como Portugal. Ali, às terças e sábados, se continuam a vender desde o século XIII artigos de desvairadas proveniências, usados ou novos, tanto faz. Neste mercado, ao contrário de outros, compra-se e vende-se, dentro das regras do comércio justo. Faz-se o preço, regateia-se, aceita-se ou recusa-se. Ninguém engana ninguém.
Há outra feira da ladra, ao contrário da genuína de Lisboa e onde não se pode discutir ou regatear. É a feira do pagas e bico calado. Esta feira não tem rostos visíveis, dias marcados, ou espaços demilitados. A sua essência é o agiotismo, em linguagem popular receber um chouriço e dar um porco. Actua no palco planetário e extorque sobretudo a quem tem menos, para encher os bolsos a quem já os tem bem cheios. É uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário.
Portugal como outros países mais debilitados está a ser vítima desses feirantes agiotas. Primeiro, alinham os países numa coisa chamada rating : Depois, dividem-nos em viáveis e inviáveis, honestos e salafrários. Finalmente estão criadas as condições para lhes aplicar a receita : juros e mais juros, dívida e mais dívida, rating e mais rating. É o ciclo vicioso da ladroagem. " SÓ ISSO EXPLICA, escreve Boaventura Sousa Santos na Visão, QUE OS QUINHENTOS INDIVÍDUOS MAIS RICOS DO MUNDO TENHAM UMA RIQUEZA IGUAL À DA DOS QUARENTA PAÍSES MAIS POBRES COM UMA POPULAÇÃO DE 416 MILHÕES DE HABITANTES"
Como é possível que neste país haja quem defenda isto. Sem mais palavras. Ouça esta feira da ladra, talvez ajude a acalmar a indignação.