A monarquia de Vinhais
Vinhais é uma vila raiana do nordeste transmontano. Terra mais antiga que a própria nacionalidade. Existe desde os tempos da cultura castreja. Designada há séculos como Póvoa Rica acabaria por chamar-se Vinhais possivelmente devido a ser uma zona de muitos vinhedos.
Em tempos de comemoração da implantação do regime republicano, lembrei-me de Vinhais por dois acontecimentos pouco abonatórios da sua história. Lembrei-me da caricata monarquia aí instalada por Paiva Couceiro em 1911 durante um curto período. E não é por ter algo contra a monarquia mas pelo facto de ser um episódio que não pode ser levado a sério.
O outro acontecimento, bem mais grave, prende-se com o facto de ter sido um habitante de Vinhais que abateu a tiro o rei D. Carlos. O jacobinismo republicano vê este acto e esta personagem como dignos de heroicidade. A atitude de Manuel Buíça, embora integrada na forma de actuar revolucionária do início do século XX, não passa de um mero assassinato contra o mais alto magistrado do país. A discordância e a luta política devem de ser feita no respeito pelos direitos humanos . Isso distingue civilização de barbárie.
Li que a autarquia de Vinhais vai atribuir o nome de Buíça a uma praça da localidade. Não me parece que homenagear o indivíduo que assassinou o rei de Portugal em nome de interesses partidários e clientelares, que como se veio a provar, não trouxeram nada de novo para a democracia portuguesa, dignifique essa nobre terra de gente honesta e trabalhadora que se chama Vinhais. Essa povoação, rica de belezas naturais, arquitectónicas e gastronómicas não pode ser confundida com actos condenáveis.
MG
modernidade e tradição