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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

01 Out, 2010

Cair na real

Nos meus tempos de juventude havia a cultura do trabalho. Foi-me desde cedo incutida a ideia que se queria tirar o pé da jaca (expressão brasileira) tinha que não me deixar dormir na forma. Nessa época difícil e dura era preciso trabalhar de dia para comer à noite. Nesse período de economia real, ninguém gastava mais do que aquilo que possuía. Nesse passado havia sempre uma poupança mesmo pequena para acudir a uma aflição.

 

Mudaram-se os tempos, mudaram-se as vontades. Adormeci à sombra duma utópica prosperidade. Adormeci e sonhei que estávamos num paraíso terreno. Tudo funcionava na perfeição. O consumo precedia a produção. O fiado era instituição obrigatória e recomendada. O lema era gastar. O modo de vida era curtir. O mundo ocidental, um terço da humanidade gastava dois terços da riqueza mundial. É certo que neste paraíso estavam os eleitos. Os outros estavam no inferno. Azar!

 

Acordei e caí na real. Era apenas um sonho. De repente tudo o vento levou. Como a cigarra da fábula a despensa estava vazia. E vem aí um longo inverno. Um inverno de descontentamento, do nosso descontentamento. Podemos condenar o despenseiro pela descuidada distribuição, mas quem esvaziou a despensa fomos nós, uns mais que outros é certo, mas fomos todos. O curioso é que ainda existem umas cigarras que teimam em cantar alegremente. São essas que muitas vezes dão origem a que se mergulhe num pesadelo. Lembrem-se do exemplo Salazar.

 

MG