Aldeia das aldeias
Lisboa não é uma cidade grande. Lisboa é uma grande cidade. É grande na sua evolução histórica. Foi a Olisipo romana e aal-Ushbuna árabe. No século XVI era capital da economia mundo com o seu nome ligado ao início da globalização. É grande na sua originalidade. É uma espécie de cidade-aldeia com os seus bairros tradicionais, onde o sentido comunidade solidária continua presente. É uma cidade de afectos, expressos num quotidiano de proximidade.
Quando cheguei a Lisboa tinha quinze anos. Tendo nascido numa aldeia longínqua, não estranhei a cidade nem nunca me senti um estranho. Nos anos setenta a população citadina aumentou significativamente com muita gente chegada de todo o país. Vivi numa casa de hospedagem partilhada por jovens do Alentejo do Algarve, das Beiras , do Alto Douro, de Trás-os -Montes.
Lisboa estendeu-se em todas as direcções, crescendo para periferias que se organizaram como núcleos com a sua própria especificidade, mas na sua essência continua a ser para mim a aldeia das aldeias, com a mesma singeleza e genuidade que possuía quando era cruzada em todas as direcções por pachorrentos carros eléctricos.
MG