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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

 

Os rios são o sangue de um país. As águas que correm nos seus leitos são o sangue que alimenta a vida nas suas diversas variantes. Em Portugal existe uma vasta rede hidrográfica que fez e viu nascer muitos aglomerados populacionais. Uma dessas populações ribeirinhas é Ponte da Barca. Situa-se nas margens do rio Lima  que nasce em Ourense na Galiza e desagua no Atlântico, junto a Viana do Castelo.

 

Ponte da Barca é uma pequena vila, tranquila e simpática, com origens pré-históricas. Espaço onde a ruralidade assume um papel dominante com os seus vinhedos, guarda nas águas serenas do seu rio, segredos de gerações de gente laboriosa e dedicada à terra. Aqui pode encontrar o visitante a tranquilidade que escasseia nos grandes ajuntamentos balneares do litoral. Sentir a suavidade das suas águas, navegando em pequenos barcos de recreio, provar a sua rica gastronomia, saborear a frescura dos originais vinhos verdes. Admirar os ancestrais monumentos e respirar o ar revigorante que emana das suas matas naturais. A poucos quilómetros pode-se visitar o parque natural do Gerez e entrar em contacto com a natureza na sua genuidade. 

 

Nesta terra cruza-se o ancestral com o moderno. Podemos tambem sentir alguma bucolidade como a que se expressa no poesia seiscentista do poeta Barquense Diogo Bernardes que com o seu irmão Frei Agostinho da Cruz  tem lugar de relevo na poesia portuguesa. Uma nação nasce e forma-se, entre outras coisas, no caldeamento entre o sonho, a natureza e a cultura. E esta tríade está bem presente em Ponte da Barca.

 

MG

 

Já não posso ser contente

Já não posso ser contente,
Tenho a esperança perdida,
Ando perdido entre a gente,
Nem morro, nem tenho vida.

Prazeres que tenho visto
Onde se foram, que é deles,
Fora-se a vida com eles
Não ma vira agora nisto,
Vejo-me andar entre a gente
Como coisa esquecida,
Eu triste, outrém contente,
Eu sem vida, outrém com vida.

Vieram os desenganos,
Acabaram os receios;
Agora choro meus danos,
E mais choro bens alheios;
Passou o tempo contente,
E passou tão de corrida,
Que me deixou entre a gente
Sem esperança de vida.

                 Diogo Bernardes