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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

19 Jul, 2010

Coimbra eterna

 

Adoro visitar Coimbra. Adoro sentar-me na esplanada do Fórum. Extasio-me com as águas ancestrais e serenas do Mondego, onde repousam amores e desamores de milhares de gerações. Embebedo-me no verde dos seus frondosos arvoredos. Perco-me no casario ondulante das suas encostas que me lembram cidades miniaturas construídas com peças lego. Observo e contemplo. Relaxo o corpo e aquieto a mente. Fujo por momentos ao um quotidiano repleto de cinismo, de mentira, de traição. E não fora uns cavalos fumegantes à solta e em correria sem sentido, como formigas em carreiros de asfalto, julgaria estar no mítico paraíso. Mas mesmo assim Coimbra é uma cidade única na beleza, na personalidade, na esperança.

 

Enquanto vagueava em espírito pela sua existência eterna e admirava as suas tricanas de agora e de sempre, deslizando formosas e inseguras, lembrei-me de Luís Vaz e da sua descalça Leonor.  Sem ter engenho e arte para poetar, atrevi-me a meter foice em seara alheia e apresentar a minha versão pretensamente poética e meramente formal do seu genial poema.

MG

 

 

C'alçada vai pro ME

Isabel pelo asfalto.

Veste Pirre Cardin

E calça sapato alto.

 

Na cabeça o penteado,

Na mão a leve tremura,

No rosto aquela candura,

De ter esquecido o passado.

E no sorriso inocente

Mente , mente, mente,mente,

Vai sem nenhum sobressalto

E calça sapato alto.

 

No ventre leva a esperança,

Prenhe de renovação

Pra nascer no meio do verão,

Mas ser Trocada/o na Mata

Por um sujeito de lata.

Mostra indiferença ao assalto

E vai de sapato alto.

 

MG  poético