O abominável homem das neves
O abominável homem das neves é uma lenda. Uma espécie de papão para assustar criancinhas. Não há nenhuma prova concreta da sua existência. Contudo um acontecimento recente talvez levante uma hipótese a explorar. Trata-se de um indivíduo de nome César das Neves (o nome confere) que produziu declarações que dificilmente podem ser atribuídas a um ser humano comum. Diz tal sujeito que aumentar o salário mínimo é prejudicial para os pobres e acrescenta que a maioria dos pensionistas diz-se pobre mas não é. Mas o mais significativo é que este tipo de declarações é recorrente.
Em tempos idos o César da Neves disse que "nos anos 1960, Portugal era um país pacato e trabalhador, poupado e prudente, que se sacrificava generosamente, labutando dia e noite para cumprir os deveres (...)Um dia(...) Portugal gastou. Criou autarquias e dinamização cultural, comprou frigoríficos e televisões, fez planeamento económico, exigiu escolas e hospitais". Quem elogia o país dos anos sessenta, pobre, atrasado, pacato, miserável e analfabeto tem características humanas? Quem acha que ter frigorífico, escolas e hospitais é um luxo, passou pelo processo de hominização? Não acredito. Esta criatura, disfarçado de economista e professor na Universidade Católica só pode ser um émulo do abominável homem das Neves.
Analise-se. Defende a pobreza como modo ideal de vida. Ter direito a uma habitação condigna é um escândalo. Viver com água canalizada, luz e saneamento básico é um pecado. A educação é um desperdício. Receber uma pensão para a qual contribuiu é um sinal de riqueza. Emigrar um desígnio.A virtude está na pobreza. O ideal será sobreviver no limite. A recompensa estará no além. Não é assim que vive, nem nunca viveu tal criatura desde que desceu das montanhas para pregar a miséria dos outros.
Está a reproduzir-se. Tem muitos e sequazes seguidores. Andam por aí. Na comunicação social e sobretudo no Governo da Nação. O país está entregue a muitos abomináveis homenzinhos das neves.
MG