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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nos saudosos tempos da minha juventude cantava-se de norte a sul e de este a oeste "Ó tempo volta pra trás". A voz matriz deste fado era a de António Mourão. Era um tempo de ideias rigorosamente vigiadas. Era um tempo de liberdade totalmente condicionada. Era o tempo dos três efes, da mediocridade assumida como destino, do pobrete mas alegrete. Certamente que não haveria ninguém que quisesse voltar para trás. O que se queria era andar para a frente rumo a uma vida digna. Mourão que hoje terminou a sua missão aqui na terra será recordado como uma voz do fado que atingíu grande popularidade muito à custa do "tempo volta para trás":

 

 
 
O tempo não voltou para trás. Antes pelo contrário, atrás de tempos vierem tempos de mudança. A esperança nasceu numa manhã de Abril, cresceu e tornou-se certeza. O pais miserável, atrasado, analfabeto renasceu das suas próprias cinzas. Portugal entrou no século XXI como um país moderno. Os níveis de bem estar atingiram níveis  dignos de uma sociedade pautada por valores de dignificação da condição humana. Mas nada se pode considerar como adquirido. Vivemos nos últimos dois anos um período de retrocesso civilizacional quase comparável ao dos anos setenta. Apetece agora voltar a cantar o "ó tempo volta pra trás" com nova letra:
 

 

O Sócrates foi-se embora

Á vida para mim mudou

Esta cá  a troika agora

E quase tudo me tirou

 

As horas são como dias

As horas são como dias

Os dias são como anos

Já só resta a saudade

Já só resta a saudade

Depois de tantos enganos

 

Refrão

Ó tempo volta para trás

Traz de volta o que tirastes

Tem pena e leva contigo

Esta cambada de trastes

Ó tempo volta para trás

Ao tempo da vida sã

E traz o passado de volta

No nevoeiro da manhã

E traz o passado de volta

No nevoeiro da manhã

 

Porque será que o Coelho

E a troika são tão iguais

Porque será que a troika

Quando vem não se vai mais

Mas para mim o passado

Mas para mim o passado

É o eco do PEC quatro

E ainda estou à espera

E ainda estou à espera

Que ele volte pois estou farto.

 

MG