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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

10 Out, 2013

Tempos da rádio

O nacional cançonetismo foi epíteto atribuído, depois do 25 de Abril, à música que divulgada através da rádio chegava a todos os recantos de Portugal. Nos anos sessenta eram grandes ídolos populares, nesta área da música ligeira, António Calvário, Artur Garcia, Madalena Iglésias, Simone de Oliveira, Toni de Matos entre outros.  Num país pobre e atrasado que vivia muito abaixo das suas possibilidades, ouvir rádio fazia parte do quotidiano dos portugueses. Contudo, possuir um receptor não estava ao alcance da maioria das bolsas. O povo reunia-se então em sítios públicos para ouvir música, notícias e relatos de futebol entre laudas ao regime salazarista. Era um país condicionado na sua liberdade, conformado com a sua situação, analfabeto e beato, maioritariamente convencido que assim devia ser o mundo.

 

No que à música diz respeito pontuavam os temas que abordavam amores, desamores, ciúmes, traições com harmonias simples. Assuntos relacionados com as desigualdades, a exploração, a miséria, apenas circulavam em círculos fechados da oposição. Também a música dita erudita estava reservada a determinadas elites. E embora passasse com frequência num canal da emissora nacional, não era apreciada nem entendida pelas classes populares. E de certo modo ainda não o é hoje. No dia do bicentenário do nascimento de Verdi quem se apercebe deste evento?  E porque a música me merece respeito nas suas variadas manifestações aqui presto a minha homenagem à música clássica na pessoa de Verdi e à música ligeira na voz de Toni de Matos. Assim reúno a música ao serviço de causas patrióticas e a música de entretenimento para despoletar emoções e que trauteava na minha juventude.