Ser Português
Entrevistador :achas que a troika nos vai castigar
Camilo Lourenço: ...se eu fizesse parte da troika era o que fazia...
Entrevistador: era o que fazias? E a nossa Soberania?
Camilo Lourenço: Quem não tem dinheiro não tem Soberania.
Entrevista a Camilo Lourenço no programa da manhã na RTP Informação, a propósito das normas chumbadas sobre o Código do Trabalho.
Citado de memória
Senhor jornalista/economista Camilo Lourenço
Sou português. Defendi na condição de militar o meu país durante três anos, quando não me identificava com o regime. Vi com grande alegria nascer a democracia. Sempre servi esta nação secular enquanto cidadão. Sou patriota. Entristece-me ver a minha pátria condicionada por usurários. Revoltam-me as teorias que defendem o caminho da expiação para um povo trabalhador. Indigna-me a insensibilidade perante o sofrimento humano.
Tenho-o visto apresentar-se como um cruzado contra o despesismo dos portugueses. Tenho-o até visto como uma espécie de deus castigador do desvario pecaminoso dos trabalhadores deste país?. E que desvario foi esse? Apenas a ambição de terem uma vida digna. Uma casa para viver, alimentação para a sua família, educação para os filhos, saúde para todos. Tudo luxos excessivos. Crime a merecer castigo severo: empobrecimento, miséria, fome.
Parafraseando os evangelhos podia dizer-lhe: "perdoai-o Senhor, ele não sabe o que diz". Mas quanto mais ouço o seu discurso mais me convenço que faz parte de uma espécie de "gente" que inveja o bem estar do seu semelhante. Destila ódio contra as conquistas sociais da humanidade. Estou convencido que preferiria um mundo de escravos.
As declarações aqui reproduzidas não deixam dúvida que não sabe o que é ser português. Não sente a alma lusa. Não valoriza a nossa história. Não entende que esta nação se fez contra poderosos inimigos externos. Não sente que a Soberania se conquistou com sangue, suor e lágrimas. Não atinge que não foi o dinheiro que venceu em Aljubarrota. Não reconhece que não foram os mercados que fizeram a Restauração em 1640. Não sabe que não foram os usurários que partiram em frágeis embarcações e venceram adamastores. Eu digo-lhe quem foi: foram os camponeses, os artesãos, a arraia miúda deste país dirigidos por elites patrióticas e inteligentes. Mas não sabe nem nunca saberá porque reduz a vida de um povo ao deve e haver. Porque ignora a cultura como o motor de desenvolvimento da humanidade. Porque questiona o Estado de Direito. Porque se coloca do lado errado. Porque sendo português será português? Ou será uma espécie de mercenário ao serviço dos interesses estrangeiros que nos oprimem?
Senhor jornalista Camilo Lourenço quem se coloca, quase arrogantemente, ao lado dos carrascos da nação mais antiga da Europa, quem se está borrifando para a Soberania nacional merece ter a nacionalidade portuguesa? Há coisas que não entendo: como é que tem uma coluna de comentador residente no canal de televisão público, sem qualquer contraditório onde continua a proferir dislates contra Portugal e contra os portugueses?
MG