Histórias do quotidiano
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Romeu e Julieta-happy end V
No episódio anterior Romeu foi denunciado à polícia por um mirone que o acusou de cometer um crime. Foi visitado pelo inspector Shakespeare no seu apartamento mas não foram encontrados vestígios.
Romeu reconheceu que o plano A tinha falhado. Na manga esperava o plano B. Tinha chegado a hora de o executar. Eram 21 horas quando entrou bar Flórida pela primeira vez. Nunca tinha estado num local de venda de sexo. Na semi-obscuridades da sala reparou nas silhuetas sentadas em volta de mesas de pé de galo. Na pista de dança rodopiavam pares de dançarinos. Dirigiu-se ao balcão e sentou-se num banco de pé alto. Pediu um Wisqui e solicitou a presença do gerente. Bebeu um gole. Sentiu uma mão suave no ombro. Olhou de soslaio. “vamos dançar jeitoso?” Abanou a cabeça procurando sacudir aquela voz atrevida.
“Em que posso servi-lo” disse o individuo que se apresentou como gerente. “Queria contratar uma das suas meninas?” Olhe à sua volta e escolha”. Não está a perceber”, continuou Romeu; “vou directo ao assunto”: por razões que não vêem ao caso necessito de umas lições de sexo. Preciso uma profissional experiente e discreta, pois por razões que não interessa desenvolver não quero ser reconhecido. Não discuto o preço.” Se puder ser, desejo começar hoje”. “Já percebi” , afirmou o gerente,” vou enviar-lhe uma menina de toda a confiança. Pode ser às vinte e três”?.
O inspector Shakespeare disfarçado no sobretudo tweed esperou que Romeu saísse. Saiu da obscuridade e aproximou-se do balcão. Passou o crachá pelos olhos espantados do gerente do bar. “Polícia Judiciária”. “Posso ser útil?”, disse o gerente. “Quero que me diga o que pretendia o sujeito com quem esteve a falar. Estamos a segui-lo como suspeito de eventuais crimes”, informou o inspector. Ok disse o gerente . “Veio contratar uma menina. Combinámos enviá-la ao seu apartamento às vinte e três.” Não vai enviar menina nenhuma. Eu trato do assunto”.Shakespeare dirigiu para o carro e disse ao agente Damião:” ligue-me de imediato à agente estagiária Julieta Queiroz.”
Julieta Queiroz entrara para a PJ por vocação e convicção. Filha de uma corista de revista, e gerada durante uma relação ocasional da mãe nunca soube quem era o pai. Activa, determinada e inteligente cursou Direito para seguir a carreira policial. Aliava a estes predicados uma beleza rara e incomum que herdara da mãe. Distinguia-se pelo seu porte no meio das multidões. Era habitual receber piropos de homens atrevidos que não a intimidavam, pois costumava responder sempre à letra e embatucar os provocadores: “sou boa como o milho? Pois sou mas não é para o teu bico, galo capão”.
Depois do jantar adquirira o hábito de tomar um banho relaxante. Estava a sair da banheira quando o telefone tocou:
-Estou.
-Doutora Julieta fala Shakespeare
-A esta hora inspector?
-Temos uma urgência …prepare-se. Apanhamo-la dentro de meia hora.
“Vou directo ao assunto” disse Shakespeare quando Julieta entrou na viatura. “Podemos estar na pista do enguia. Acabou de contratar uma prostituta. Precisamos da sua colaboração para a substituir”. "Alto aí doutor Shakespeare. Sou agente de polícia. Não fui contratada como prostituta nem como actriz”, replicou Julieta. “Desculpe doutora, não a chamei para argumentar , mas para agir. É este o plano.”
continua