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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

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23 Set, 2013

Sobrevivi

O meo operador de televisão que não identifico, para evitar suspeita de publicidade, resolveu pôr-me à prova. Durante dois dias cortou-me o acesso aos conteúdos que religiosamente pago e bem. Possível falha técnica provocada por erro humano. Durante este período fiquei afastado desse mundo virtual: nem réstia de telefone, nem sombra de net, nem pingo de televisão. Dois longos dias. Sobrevivi. E sabem que mais? Sobrevivi muito bem, muito melhor que o que podia imaginar.

 

Pode parecer estranho mas deste apagão saí mas enriquecido. Consegui libertar tempo para actividades muitas vezes relegadas para o limbo das oportunidades perdidas. Voltei até um pouco a um passado que vivi e que estava encarcerado numa cela da memória perdida. Naquele tempo a net era uma ficção à espera de ser anunciada, a televisão um canalzinho envergonhado e sem cor. Naquele tempo pontuavam os dias da rádio. Foi aí que estive. Sem ressaca. Descansei dos telecomentadores da desgraça. Esqueci o mau espectáculo de medíocres actores políticos.(não confundir com a política e a sua nobreza)

 

O meo operador libertou-me a disponibilidade. Dei folga ao sofá. Ganhei tempo para olhar à volta e ver  o que estando presente estava ausente. Lembrei-me que há vida para além da blogosfera. Respirei ar puro. Apreciei o voar de um pássaro assustado. Sei que paguei ao meo operador que não nomeio. Nem um chavo me vai devolver. Esqueço. Ganhei uma certeza. Afinal pode-se viver sem uma janela para o mundo. Da minha janela para a rua também posso ver o mundo. Um mundo mais pequenino, mas mais real, mais humano.

 

MG

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