Embuste colossal
Os comentadores apoiantes da política de austeridade são autênticos grilos falantes. Estrategicamente colocados em palcos de grande audiência dão voz à política governamental. Destaco, entre outros, três apóstolos da expiação: Medina Carreira, Camilo Lourenço, José Gomes Ferreira. A sua narrativa, básica e linear, consiste em martelar sempre o mesmo axioma: o Estado recebe setenta e gasta oitenta, logo gasta mais dez; assim tem de cortar na sua despesa. Dito de forma mais clara, é preciso reduzir funcionários, descer salários, diminuir pensões.
De dois anos desta política resultaram falências, crescimento negativo, desemprego, miséria e sempre mais dívida. A receita falhou mas continuam a dizer que é preciso mais. A receita está a matar o doente mas aumenta-se a dose. Cegos e surdos a outras perspectivas continuam a vender sem qualquer escrúpulo o seu embuste colossal. Austeridade em cima de austeridade só agravará a crise e atrasará a recuperação.
Para sair deste ciclo vicioso é necessário crescimento económico. O défice do Estado só se equilibrará com o aumento de receitas. Diminuir o rendimento dos cidadãos é um contra-senso numa economia de consumo. É a inversão da lógica do sistema capitalista. Se não houver consumo, não pode haver produção, nem emprego ,nem lucros, nem salários, nem receitas para o Estado, nem Estado. É o bê-á-bá da economia, uma verdade à La Palisse. Não há economia próspera com o empobrecimento dos cidadãos. Os papas da austeridade apenas vêem a árvore. Esquecem que esta faz parte de uma floresta, isto é concentram-se na parte e esquecem-se do todo. É uma visão de míopes e/ou mal intencionados.
MG