A mão que embala o fogo
O verão é um período de incêndios. Acontecem devido a múltiplos factores. Às condições naturais favoráveis associa-se a acumulação de combustível, a desordenada mancha arbórea, a falta de limpeza florestal. Contudo, nenhum incêndio nasce de geração espontânea, isto é nenhum incêndio começa sem ignição. Esta, excepto em casos muito raros, não sucede sem a intervenção da mão humana. Por mais combustível que exista, este só arde se for ateado. Por incúria ou propositadamente. É este o cerne do problema.
Para além da ordenação, para além da limpeza, para além da vigilância, para além da eficácia no combate ao incêndio, a tragédia dos fogos não tem solução enquanto estiver sem controle a fase da ignição. Esse controle, passa por uma acção pedagógica junto dos cidadãos, que inadvertidamente provocam incêndios. Passa também e sobretudo por fazer o recenseamento dos incendiários compulsivos detectados. E porque se trata de doentes mentais, é necessário tratá-los e mantê-los sob rigorosa vigilância. Se assim não for, sempre que as condições naturais o permitam, corre-se o risco de estar, ano após ano, a lamentar a destruição que o fogo provoca, incluindo as lamentáveis perdas humanas.
MG