Desfado
O fado é património oral e imaterial da humanidade. As suas origens são indefenidas e têm dado azo a várias explicações. Nascido em Lisboa, o certo é que o fado se torna canção nacional. "O fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as misérias da vida, critica a sociedade…" O fado marinheiro é considerado o primeiro fado.
Fado do marinheiro
Deitaram a todos as sortes
|
— Cancioneiro popular |
Durante a primeira metade do século XX, o fado chega ao grande público através do cinema, do teatro e da rádio. Na segunda metade do século XX galga fronteiras, emigra e conquista ao mundo. Uma nova geração de fadistas apresentam hoje o fado com novas roupagens, sem lhe tirar a sua genuinidade. É o que acontece com este desfado, cantado por Ana Moura, com letra e música de Pedro Martins:
Quer o destino que eu não creia no destino
E o meu fado é nem ter fado nenhum
Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido
Senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum
Ai que tristeza, esta minha alegria
Ai que alegria, esta tão grande tristeza
Esperar que um dia eu não espere mais um dia
Por aquele que nunca vem e que aqui esteve presente
Ai que saudade
Que eu tenho de ter saudade
Saudades de ter alguém
Que aqui está e não existe
Sentir-me triste
Só por me sentir tão bem
E alegre sentir-me bem
Só por eu andar tão triste
Ai se eu pudesse não cantar "ai se eu pudesse"
E lamentasse não ter mais nenhum lamento
Talvez ouvisse no silêncio que fizesse
Uma voz que fosse minha cantar alguém cá dentro
Ai que desgraça esta sorte que me assiste
Ai mas que sorte eu viver tão desgraçada
Na incerteza que nada mais certo existe
Além da grande incerteza de não estar certa de nada
Letra e música de Pedro da SilvaMartins
Repertório de Ana Moura