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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

22 Ago, 2013

Desfado

O fado é património oral e imaterial da humanidade. As suas origens são indefenidas e têm dado azo a várias explicações. Nascido em Lisboa, o certo é que o fado se torna canção nacional.  "O fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as misérias da vida, critica a sociedade…" O fado marinheiro é considerado o primeiro fado.

 

 

Fado do   marinheiro


  Perdido lá no mar alto
  Um pobre navio andava;
  Já sem bolacha e sem rumo
  A fome a todos matava.

Deitaram a todos as sortes
  A ver qual d'eles havia
  Ser pelos outros matado
  P´ró jantar daquele dia


  Caiu a sorte maldita
  No melhor moço que havia;
  Ai como o triste chorava
  Rezando à Virgem Maria.


  Mas de repente o gageiro,
  Vendo terra pela prôa,
  Grita alegre pela gávea:
  Terras , terras de Lisboa.6  

— Cancioneiro popular

 

Durante a primeira metade do século XX, o fado chega ao grande público através do cinema, do teatro e da rádio. Na segunda metade do século XX galga fronteiras, emigra e conquista ao mundo. Uma nova geração de fadistas apresentam hoje o fado com novas roupagens, sem lhe tirar a sua genuinidade. É o que acontece com este desfado, cantado por Ana Moura, com letra e música de Pedro Martins:

 

 

 

Quer o destino que eu não creia no destino
E o meu fado é nem ter fado nenhum
Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido
Senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum

Ai que tristeza, esta minha alegria
Ai que alegria, esta tão grande tristeza
Esperar que um dia eu não espere mais um dia 
Por aquele que nunca vem e que aqui esteve presente

Ai que saudade

Que eu tenho de ter saudade
Saudades de ter alguém

Que aqui está e não existe
Sentir-me triste

Só por me sentir tão bem
E alegre sentir-me bem

Só por eu andar tão triste

Ai se eu pudesse não cantar "ai se eu pudesse"
E lamentasse não ter mais nenhum lamento
Talvez ouvisse no silêncio que fizesse
Uma voz que fosse minha cantar alguém cá dentro

Ai que desgraça esta sorte que me assiste

Ai mas que sorte eu viver tão desgraçada

Na incerteza que nada mais certo existe

Além da grande incerteza de não estar certa de nada

 

Letra e música de Pedro da SilvaMartins

Repertório de Ana Moura