A queda do Álvaro
O ministro Álvaro da Economia foi o cordeiro sacrificado do Governo. Verdade seja dita que
não se perde grande coisa. Foi um ministro sem Pasta porque a ditadura das Finanças tirou-lhe todo poder. Limitou-se a vegetar, a fazer de conta. Ficará na história deste Governo como uma espécie de entertainer. Porque não acredito que a mudança de pessoas, sem a mudança de políticas, altere a situação, vou ter pena do ministro dito da economia. Muitas vezes me serviu de inspiração e por isso aqui lhe presto homenagem na sua despedida, com estes dois textos que em tempos escrevi.
Andava um país à toa
Pra poder sobreviver,
Quando uma trombeta soa
A dizer o que fazer.
Numa bandeja de prata
Com bela decoração,
Vai o pastel de nata
Pra uma nova expansão.
E pra coisa ter um fim
Perfeito como convém,
Casa a bola de Berlim
Com o pastel de Belém.
E quem foi o criador
De tanta sabedoria
Foi o grande professor
O Álvaro da economia.
Era o coiso, meu bem, era o coiso
Era a coisa que mais detestava
E o coiso, ai meu bem, e o coiso
Ai, meu bem, com a coisa, coisava.
Era o Álvaro, meu povo, era o Álvaro
Era o coiso que mais asneirava
E o Álvaro, meu povo, e o Álvaro
Com o coiso tão bem ministrava.
Ai, eu hei-de ir à Assembleia
Ver o coiso que está a coisar
Contra essa horrível coisa feia
Esse coiso que nos quer devorar!
Com a coisa faço uma coisinha
Para o coiso sempre a coisinhar
E a oposição ficar coisadinha
Para o coiso pudermos lixar.
Era o Álvaro, meu povo, era o coiso
Era a coisa que mais me pasmava
E o coiso, meu bem, o desemprego
Com a coisa coisou e coisava!
e o coiso que é o poder nem por morte, o Álvaro o deixava.
Cancioneiro Álvaro, pseudónimo de Álvaro dos Pastéis