A futebolização da política
Um dirigente desportivo da velha guarda disse há muitos anos que o que no futebol é verdade hoje, amanhã é mentira. Esta afirmação resistiu ao passar do tempo e já ganhou um lugar na galeria dos pensamentos citáveis. No entanto, na altura e na boca de quem a proferiu, não era mais do que uma simples evidência. Evidência do mundo do pontapé na bola, mas que hoje, continuar a ter total actualidade porque se tornou transversal a outras actividades, nomeadamente na área da política.
Deste modo, se diz com a maior cara de pau que, o irrevogável é igual a revogável, a dissimulação também é simulação, consciência e inconsciência não passam de questão semântica. De uma forma mais exotérica, o que aconteceu, não aconteceu, foi apenas um corte no tempo, uma deriva de um mundo paralelo. Ou em linguagem do "futebolês" é a futebolização da política. Ou no campo da ética, dos princípios, dos valores é uma tábua rasa, é o regresso ao ponto zero. Ou a negação da palavra, da honra, da verticalidade. Ou a demonstração da pré-humanidade. Que venha o diabo e escolha, se não é ele que já está no poder.
MG