Greve de serviços máximos
Tenho visto muito comentador encartado diabolizar a greve dos professores num dia de exames. Veja-se a jornalista Clara Ferreira Alves, por exemplo. A discordância é livre, mas concordar por oposição com Crato e com a sua actuação neste caso, reflexo da política educativa do governo, é concordar com a destruição da escola pública, com a desqualificação da qualidade da educação, com o despedimento de professores que não estão a mais. (MLRodrigues)
Com todo o respeito, ilustres comentadores, penso que é pura demagogia considerar esta greve um acto terrorista. As infelizes criancinhas reféns de malvados professores. A greve é uma arma na mão dos cidadãos para lutar pelos seus direitos. Foi com ela que se lutou, por exemplo, pelas oito horas de trabalho. Com sangue. Se uma greve não prejudica nada, nem ninguém, não tem eficácia. E julgo que sabem ou deviam saber, que a greve prejudica, em primeiro lugar, quem a faz. "Prejudicar" alunos é a mesma coisa que prejudicar utentes de transportes, ou doentes que perdem a operação marcada. Numa greve não pode haver prejudicados de primeira e de segunda. Nem greves lícitas e ilícitas. Nem greves morais e imorais. Há greves com as suas consequências. Ponto.
PS: O tribunal arbitral não aceitou a aplicação de serviços mínimos. O governo acabou de decretar serviços máximos.