A nossa troika
Imagem retirada do blogue Câmara Corporativa, com a devida vénia.
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Em entrevista à Antena 1, Freitas do Amaral disse que a actual situação no país só em comparável com a crise de 1383-85 e com o domínio dos Filipes de Espanha, já que “está em causa a independência nacional”, mas acrescenta que não devem ser convocadas eleições porque não se vislumbra no espectro político uma alternativa. Diz ainda que se o governo alemão mudar nas próximas eleições talvez se possa alterar a situação em Portugal. Por outras palavras concorda com Mira Amaral quando diz que "se a Alemanha gosta de Gaspar nós também temos que gostar".
Há neste raciocínio uma contradição insanável. Por um lado reconhece-se que está em causa a independência nacional, implicitamente capturada pela Alemanha, mas por outro que não se deve lutar contra essa situação de domínio por impossibilidade de a mudar. Com esta linha de raciocínio nunca teria acontecido a revolução de 1383-85, nem teria sido tomado o Paço, pelos conjurados de 1640. Seriámos, agora, para o bem e para o mal espanhóis.
Freitas do Amaral faz parte daquele grupo de pensadores que fazem o diagnóstico correto da situação, mas que se apressam a defender, que por falta de soluções, estamos sujeitos a continuar reféns de um fatalismo do destino imposto pelos deuses. Faz parte dos eternos velhos do Restelo. Mas há outro grupo com raízes nalgum senso comum e que é muito mais perigoso. São os que por despeito de qualquer ordem, querem fazer crer que os políticos são todos iguais quer se situem à direita ou à esquerda. Este é pensamento que ganhando dimensão se torna potencialmente perigoso. É o estender da passadeira vermelha para os salvadores da pátria.
Numa democracia há sempre alternativa. Não embarco na narrativa que se tenta passar a mensagem de que um governo da oposição será a mesma coisa. Não entro no discurso que clama que António José Seguro, mesmo com todas as suas inseguranças, não representará uma governação diferente. Um governo socialista será sempre, apesar dos condicionalismos externos, um governo melhor para Portugal e para os portugueses. E para além das evidentes diferenças ideológicas e éticas será impossível reunir num mesmo governo o fanatismo ideológico de Gaspar, a ignorância atrevida de Passos e a cobardia política de Portas. Uma combinação explosiva que entregou de mão beijada a soberania portuguesa à bárbara Germânia.
MG