Bois transmontanos
da net
Revolta?
Não sou nada versado em assuntos taurinos. Sempre ouvi, no entanto, falar das virtualidades da carne de vaca transmontana, com especial enfoque na badalada posta mirandesa. Acredito, piamente, nos elogios que lhe são atribuídos. Acredito na potencialidade das tranquilas pastagens naturais e da faculdade que têm para proporcionar aos animais uma vida calma e muito zen. Certamente que serão felizes enquanto não se transformam em bifes no prato de qualquer carnívoro. Mas quer gostemos ou não é essa a razão da sua existência.
Fez-se notícia na comunicação social a história de dois bois bragantinos que durante a sua viagem para o matadouro resolveram contrariar o seu destino e fugir do camião que os transportava. Não foi dito como, se calhar para encobrir a ajuda de eventuais cúmplices. Seja como for, o certo é que estes animais demonstraram inteligência acima da média. Levanto até a hipótese de serem caso de estudo como sobredotados, dentro da sua espécie. Tudo leva a crer que tiveram capacidade para escolher entre ser carne de refeição e animais autónomos e livres. Assim assumiram a sua sobrevivência e se fizeram ao mundo.
Não sei se na sua capacidade bovina previram que não vão ter vida fácil. Há um grupo de zeladores da ordem no seu encalço para os capturar. Uma das estratégias adoptadas consiste em mandar uma vacas para os seduzir e trazer ao redil. A sua resposta a esta armadilha irá comprovar se a sua acção foi apenas obra do acaso ou um acto consciente e deliberado. É como o teste do algodão. Se forem atrás das vadias dão crédito à sua condição de cornudos agindo por impulso instintivo. Se as recusarem, mesmo que mordendo os beiços, dão corpo à tese da sua sobredotação. Prova-se que sabem resistir à conversa fiada para apanhar papalvos. Mostram mais lucidez que muitos eleitores humanos. A ver vamos. Vou estar atento.
MG