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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

"Não vamos lá com cantorias", disse o homem do Pingo Doce. Parafraseando um banqueiro arrivista, atrevo-me a escrever: ai vamos, vamos! E vamos porque a canção é uma arma. O homem que enriqueceu (sem produzir nada) com a distribuição, tem uma enorme capacidade para fazer dinheiro com o negócio das mercearias modernas, honra lhe seja feita. Mas parece perceber pouco de psico-sociologia. Se assim não fosse perceberia que as motivações humanas se estruturam não só à volta de um prato de lentilhas, mas sobretudo com apelos a valores simbólicos. Como exemplos pode-se referir que faz mais pelo culto mariano a canção "nossa senhora" de Marco Paulo, que centenas de prédicas religiosas. Do mesmo modo, fez mais pelo conhecimento do Pingo Doce, um famoso anúncio cantado, que os discursos do seu administrador.

 

"Nós somos letras vencidas" disse o mesmo senhor, tendo em conta os seus cabelos brancos e querendo afirmar que o futuro é dos jovens,  alías, um pouco de acordo com a sua visão contabilística do mundo. Discordo. No mundo não há do ponto de vista das ideias e da acção velhos e jovens. No mundo, há pessoas que contribuem , em diferentes planos para o seu funcionamento. E é no caldeamento de conhecimento, experiência e imaginação entre jovens e menos jovens que a vida flui. As grandes mudanças são fruto de saber acumulado por gerações que indirectamente estão presentes nas vitórias futuras. Não há letras vencidas. Há letras e músicas que podem ajudar a vencer, como Grândola Vila Morena, porque a canção é uma arma. Como muito bem percebeu essa "letra nunca vencida"que foi (e é) Zeca Afonso. E como bem cantou José Mário Branco.

 

MG