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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

George Orwell utilizou os porcos como personagens de uma alegoria sobre a natureza do poder totalitário. Usou-os possivelmente por serem animais aos quais está associada uma imagem de "chafurdagem" na sujidade. O realizador Etore Scola, num magnífico filme onde relata condições degradantes da vida humana, num bairro de lata usa-os, também, pejorativamente, como símbolos dessa degradação, utilizando o título, Feios, Porcos e Maus. 

 

Tenho pelos suínos o mesmo respeito que nutro sem excepção por todos os seres vivos, quer sejam do mundo animal, quer sejam do mundo vegetal. Sinto até pela espécie porcina alguma gratidão, como importante elemento da cadeia alimentar, que permite a sobrevivência de muitos milhões de humanos. Sem pertencer a qualquer associação de defesa de animais, entendo que estes não devem ser sujeitos a maltratos. E posso afirmar, por experiência própria, enquanto observador, que o tradicional e doméstico criador (em extinção) mantinha com o seu porquinho uma relação quase familiar. Mas, para além disso, não consigo levar à paciência o excesso de zelo utilizados por membros dessas associações que hoje têm visibilidade redobrada nas redes sociais.

 

O que se passou com o caso do acidente de um camião que transportava porcos para o matadouro, na auto-estrada, é sintomático da inversão de valores com que às vezes nos confrontamos. É que transformar em carrasco, um agente da autoridade, que no cumprimento do seu dever, procurava afastar um suíno para libertar uma via de comunicação e permitir que os  seus utentes pudessem circular, brada aos céus. De certo, que o referido agente, não andava a pontapear o animal para seu deleite ou para satisfazer qualquer recalcada psicopatia. Como queriam os zelosos defensores que o afastasse?  Usando a persuasão? Qualquer coisa do género: -então senhor porquinho tem de compreender que precisamos de regularizar o trânsito. apelo à sua boa vontade para desimpedir a via. vá lá colabore.

 

Consta que em função das pressões das redes sociais o senhor agente está a ser alvo de um processo e que poderá ser castigado com perda de dois meses de vencimento. Entretanto, o porquinho alcandorado a vítima, já deve ter virado bife e quem sabe, se por ironia do destino, não foi para à mesa de algum dos subscritores do processo. E o mais curioso é que o alimento que não falta aos protestantes poderá faltar ao agente que estava a ajudar a resolver uma situação irregular. Peço desculpa se mal pergunto: não se levanta por aí um movimento para defender uma injustiça sobre um ser humano no exercício do seu dever? É que a acontecer esse castigo estamos perante o triunfo do porco.

 

MG

 

PS- No trânsito como na vida os  porcos só triunfam se tiverem uma corte de idiotas a apoiá-los.

 

 

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