Ninguém me leva a sério
"Ninguém me leva a sério." Esta frase foi dita pela Sandra. Mas quem é Sandra? é a pergunta lógica. Para ser preciso não sei. O que sei é que a Sandra é uma concorrente da Casa dos Segredos. E digo que não a conheço porque esse é um programa que não vejo. E não vejo por snobismo ou por qualquer mania de superioridade intelectual. Não vejo porque não gosto. Ponto final. Conheci a frase pela imprensa e ainda bem, pois foi como um sopro da inspiração que me anda madrasta. "Sejas quem fores, obrigado Sandra por me trazeres para a crua realidade." Finalmente percebi que também ninguém me leva a sério. "Já somos dois neste mundo cão. Anima-te minha linda e se te der jeito encosta a tua cabecinha ao meu ombro e chora. É uma forma de te pagar esta dívida que te devo. Para sempre grato".
Garanto. Ninguém me leva mesmo a sério. Aqui dou o melhor que sei para ajudar a fazer um mundo mais justo. Em vão. É como pregar no deserto. Aqueles que por aqui passam, são testemunhas invisíveis, de que tenho feito o possível para chamar certas pessoas à razão. Quantas vezes já disse que isto está a ir mal? Que por este caminho não chegamos a bom porto. Que austeridade custe o que custar está a destruir este país. Que a pobreza fomentada nunca foi, nem é sinal de progresso. Que a morte do consumo é a morte da economia? Que isolar um país para o destruir é como cortar um membro ao corpo a que pertence? Que, em consequência, todo o corpo vai ser afectado? Que depois de um país colapsar, colapsa outro e outro até à derrota total. Que a solução não está no empobrecimento, na exploração, no desemprego, mas no investimento, no trabalho, na criação de riqueza e na sua justa distribuição. Alguém me levou a sério? Ninguém! A desbunda continua. O PREC (processo reaccionário em curso) segue o seu percurso para o abismo.
O senhor Primeiro Ministro nunca me deu uma mera palavra de reconhecimento, nem numa breve mensagem via "face". Pelo senhor Ministro das Finanças sou ignorado e desprezado, o que não admira porque, na sua perspectiva, sou mais um número. O senhor Presidente da República nem mesmo um olhar de cumplicidade me dirigiu, já que parece ter perdido a faculdade de falar. Nem do senhor licenciado Relvas recebi um único convite para debatermos a situação, sem barreiras de espaço e tempo ou seja até podia ser em Copacabana. E do senhor ministro Portas, bem, do senhor ministro Portas nem a retórica dialéctica de ser e não ser ,de estar e não estar...
Da frau Merkell (hei !!! chanceler) nem um pestanejar mesmo discordante, o que seria natural. Até o Sapo me ignora e não destaca a minha qualidade! Ninguém escreve a uma voz avisada. Ninguém lê a voz da razão. Ninguém me leva mesmo a sério. Nem a mim, nem à Sandra. Que raio de mal fizemos nós para merecermos tal castigo? Que raio de Karma nos coloca nesta solidão? Por quantos anos? Cem?
MG